Filha, esposa, mãe, dona de casa, operária, empresária, em jornada dupla, tripla, quádrupla; menstruada, com TPM; de fases… Eita! Dia oito [de março] é a nossa data e são tantos os codinomes que nos acompanham… Mas há um que anda em desuso, é retrô, mal-afamado mas que eu curto muito: frágil.
Esse é um dos melhores títulos que recebemos ao longo dos séculos. Porém, é uma pena ter sido vinculado, pejorativamente, à fraqueza. Diante do constante aumento no número de casos de feminicídio no Brasil, quiçá no mundo, quem terá a ambição de ser fraquinha?
Existe ainda outro simbolismo na fragilidade que é a humanidade e, ao meu ver, não pode ser amputado de nós mulheres. Um crasso erro de gerações deu-se quando traços heroicos e imortais passaram a ser venerados, omitindo aqueles que nos revelam humanos.
Força, coragem, dureza, arrojo, agressividade, rispidez, competitividade, multitarefas… e pronto! Nos tornamos duras, aceleradas e mal-educadas, sem direito à fragilidade em questão ou mesmo não podendo evidenciar nossas fraquezas, quem somos e como estamos.
Desonestas emocionais, intocáveis, distanciamos de nós mesmas e esquecemos o quanto somos dependentes do Criador. Afinal, Ele nos faz fortes e corajosas, permitindo que haja reconstrução apesar de nossos monturos e cacos.
Sim, somos frágeis.
O nosso coração pode despedaçar-se desde quando ouvimos o choro de nosso bebê até por ocasião de graves crises que enfrentamos no lar; mas que bom termos a liberdade de demonstrar, além da sabedoria que edifica e gerencia as demandas, nossa emoção e sensibilidade. Sermos empáticas é privilégio.
Não precisamos de capa e máscara, por fim, somos mulheres e já esperam de nós fragilidade, sentimento e capacidade de conectarmos profundamente com o outro neste patamar. Então, basta relaxarmos e navegarmos nestas águas.
Parabéns, mulheres, amigas e irmãs!
Celebremos a possibilidade de sermos quem somos: Eva, Maria, Marta, Isabel, Débora, Jael, Dorcas, Sara, Priscila… Entre tantas, com tão variadas características, que bom que somos todas frágeis; que bom que somos todas livres, leves, sensíveis, honestas emocionais, plenamente humanas e todas filhas de Deus; dessa forma Ele nos criou (Sl 139.14) e assim nos ama.
Débora Fonseca é coordenadora da Missão Luz Na Noite desde 2001. É graduada em direito e psicologia, autora dos livros “Aconselhando Cristãos em Luta com a Homossexualidade” e “Uma Fera em Busca de Sentido”, pela editora Abba Press. Tem mais de 20 anos de experiência em aconselhamento cristão na área da sexualidade humana.