Você já se sentiu rejeitado?
Dr. Guy Winch[1], ao tratar das rejeições, aponta que elas podem provocar uma aguda dor emocional capaz de afetar nosso pensamento, de nos encher de raiva, de desestabilizar nosso senso fundamental de pertencimento e de destruir nossa confiança e autoestima.
Um estudo da Universidade de Michigan (EUA) sugere que a rejeição social é tão difícil de suportar quanto a dor física. Também concluiu que o cérebro tem uma reação similar para aliviar o sofrimento de uma rejeição, da mesma forma que age para lidar com uma ferida no corpo, ou seja: os caminhos cerebrais de ativação da dor da rejeição são similares aos da dor física.[2]
A Bíblia cita exemplos de homens rejeitados e mostra como estes lidaram com a dor. É o caso do juiz Jefté, que, renegado pela família, fugiu e associou-se com homens levianos, anestesiando a sensação do vazio de um lar que o desprezou. Nas Escrituras também vemos a saga de Jacó, que fez de tudo para obter a aprovação paterna, inclusive passando por uma identidade falsa.
COMO VOCÊ ENFRENTA ESSA DOR?
Alguns recorrem a comportamentos autodestrutivos, como automutilação, abuso de substâncias, relacionamentos de risco e, em nível extremo, o suicídio, assumindo como sua a responsabilidade pela atitude de desprezo do outro. Outros entram numa jornada cujo alvo é o perfeccionismo, na qual a ansiosa expectativa é a aprovação geral. No entanto, no dia em que algo não sai como o esperado e o elogio não chega, o mundo desaba.
E há aqueles que se enlaçam no jugo dos relacionamentos dependentes, aguardando sempre a confirmação do amor e suporte que necessitam para se sentirem aceitos e amados. Essa busca por confirmação nunca cessa, e o que o outro atesta nunca é suficiente para aplacar a fome interna.
Seja qual for a maneira como você tem lidado, quero convidá-lo a considerar a pessoa de Jesus!
A Bíblia relata[3] que Cristo foi homem desprezado, o mais rejeitado entre todos, e que sabe o que é padecer. Sua resiliência diante do desprezo e da rejeição, porém, é incomparável!
Certamente, a voz do Pai, expressa no batismo[4], quando nem sequer tinha iniciado Sua missão, foi vital para forjar a convicção íntima e inabalável sobre Sua identidade e valor existencial.
“A Bíblia relata que Jesus foi homem desprezado e o mais rejeitado entre todos e que sabe o que é padecer. A resiliência de Jesus diante do desprezo e da rejeição, porém, é incomparável!”
Essa voz transmitiu a Jesus Seu senso de pertencimento (“Este é meu”), amor (“filho amado”) e aprovação (“em quem muito me agrado”[5]) antes mesmo de desempenhar qualquer atividade para obter amor e aceitação.
Doravante, o batismo de Jesus também é incondicionalmente estendido a nós. Um batismo de pertencimento, amor e aprovação, declarando que também somos filhos[6] amados[7] e aprovados por Deus.[8]
Esse batismo tem o poder de lavar nossa alma das marcas das rejeições, desprezos, abandonos, humilhações, abusos e maus-tratos que porventura tenhamos sofrido.
O “Homem de dores” nos conhece, compadece-se e convida a uma diária e íntima aproximação que trará paz mental, fé e perseverança, capacitando-nos a lidar com nossas angústias e reencontrar o sentido e a alegria de viver.
(Texto publicado pela revista Comunhão em 17/05/2018)
Débora Fonseca é graduada em direito e psicologia, membro da Igreja Presbiteriana em Jardim Camburi e coordenadora da Missão Luz na Noite.
Referências
[1] Psicólogo, autor do livro Como curar suas feridas emocionais, Ed. Sextante
[2] http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/rejeicao-machuca-tanto-quanto-dor-fisica-10403570#ixzz4GIVVQ94o
[3] Isaías 53.3
[4] Mateus 3.17
[5] Bíblia King James
[6] Romanos 8.16
[7] Jeremias 31.3
[8] Romanos 5.8